domingo, 10 de julho de 2011

Fluídos Oníricos

Existem momentos na vida em que as aspirações deixam nossas mentes,
nossas perspectivas se tornam translucidas, livres desse fluído onírico que nos aprisiona,
as portas da percepção enfim ficam escancaradas,
para que assim possamos ver o que até então nos foi oculto,
e possamos sentir o que até então só sentiamos nos sonhos mais profundos,
e assim então viver como se nunca tivessemos vivido,
porque afinal de contas nunca enxergamos com nossos próprios olhos,
nunca caminhamos com nossos próprios pés, e por fim, nunca vivemos nossa própria vida.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Incerto

Enquanto esses sentimentos incertos nos guiam num mar de duvidas,
essa vontade de viver explode, nos faz delirar com seu estrondo,
dias onde nada mais importa, deixamos de lado tudo aquilo que nos espera,
nessas linhas etílicas me sinto um tanto quanto solitário,
mas quando vago por entre becos e essa linha de pensamento,
solitária, sagaz e imponente apaga aquilo que me dizem,
essas contestações alheias soam tão vagas,
a visão de mundo propagada na geração dois mil,
que cega os fracos, mas torna os fortes ainda mais fortes,
faz que aqueles que partilham dos meus votos,
esses que compartilham a fé sincera,
essa fé cega que nos guiou até então,
que nos fez acatar a esse mundo de devassidão,
enquanto pensamentos que a sabedoria flui de papeis falsos,
jorra desses títulos que nada significam,
que fazem essas tsunamis nos açoitar,
usinas regarem com cólera nossas lavouras,
nossos sustento está impregnado dessa maldita tecnologia,
quão amaldiçoados fomos ao acatar o progresso,
esse progresso que só engana, esse que quer só para si,
nesse engano afundamos, e naufragados nessa miséria,
nós solitários sonhadores vagamos em busca da verdade,
essa verdade sóbria que para os sóbrios se esconde,
essa perversidade que ao prazer nos guia pelos ensinos de Sade,
a vontade é a única razão, é a força cega,
que por entre antros de devassidão nos leva,
faz nossos sentimentos emergirem,
cria em nossas mente paraísos artificiais,
que nada fazem além de nos guiar as vontades mais intimas,
a fome onívora que sentimos por esses prazeres mundanos,
corruptos enfim somos, eu sei, somos como porcos,
nos aproveitamos de qualquer gota de felicidade que nos presenteie,
essa vida sem graça, muito mais sem ação que qualquer substancia,
substancias essas que fluem da mídia e nos afogam nesse mar de insegurança,
nada temos a ver com guerras, nada temos a ver com políticas exteriores,
se quer nos importamos com o que o alheio bombardeia,
nunca seremos apenas pedras no caminho,
tendemos a bloqueá-lo, e quem sabe por acaso dessa forma guiá-los,
nessa sede que temos de sentir a vida como jamais nos permitiram,
abrir as portas da percepção e mergulhar em universos paralelos,
e tal como Huxley em meio a duvida encontrar as respostas,
que nos elevaram aquilo que jamais sentimos,
a plena constatação de que de nada vale esse passo contra o tempo,
de que tudo na vida tem a hora e a razão,
que mesmo envoltos em nuvens de fumaça e apedrejados pelo preconceitos,
rótulos colados em nossas frontes não possuem significados,
temos certeza daquilo esperamos, a fuga da desilusão é não se iludir,
jamais esperamos baseados em conceitos alheios,
apenas temos um fim em mente, e isso é tudo que basta, não nada mais,
o motivo para se iludir e fantasias como nossos anseios se realizaram,
nessas falsas ilusões fenecemos, adormecemos nessa vibe que essa suposta,
errônea, incerta, inerte verdade, questionável e abordável,
o desejo que temos de prever como nossos anseios surgiram,
enclausura nossos egos nesse mar de angustia,
a ausência da satisfação nos afeta,
mas por que diabos deverias almejar o deleito nesses conceitos vagos,
esses dogmas alheios que são a prisão onde jaz enclausurado nossos mais puros sentimentos,
quando prazeres nos içam do incerto, quando compreendemos que nada devemos esperamos,

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O Eremita do Concreto

Vaga só e sem esperança, com passos trôpegos, jamais se deleitou no terno aconchego do lar materno, filho do mundo. Esbanja liberdade que de nada vale em sua lastimável situação, nem sequer lembra-se da última vez que sonhou. Em noites frias debruçado sobre uma soleira mais fria ainda, encolhido, acompanha com os olhos o compasso de passos alegres, a felicidade alheia soa tão vazia para quem nunca teve a chance de experimentá-la. Roupas caras e festas elegantes soam como contos de fadas para aqueles que nascem fadados a permanecer submersos na tristeza e assim então fenecer na miséria.

quinta-feira, 10 de março de 2011

O Passado

O quebrar das ondas me remete sonhos passados,
Os dias se arrastam nessa selva,
Em todos os cantos fito de soslaio devaneios alheios,
Chego a rir em voz alta de tamanhas discrepâncias,
O desalento desses tempos que nos trazem a angustia,
Sentimos-nos desvairados por não temos vivido o que foi mitificado,
No entanto, talvez vivamos a vida dos boun vivants,
Talvez o álcool nos revele o caminho, talvez o caminho seja o sistema,
Mas e se ambos estiverem errados, então não saberemos mais o que seguir,
Nesse passo descompasso com nossa geração nos sentimos solitários,
Esses dias de engano nos levam a soluções suicidas,
Muito embora o suicídio passe longe da solução,
Nessa terra sem crenças, nessa vida sem anseios,
Esses dias solitários que nos carregam por noites sem fim,
E sob a doce penumbra buscamos o caminho do acaso,
O acaso nos guia por entre ruas e becos,
Talvez o acaso nem sequer exista, talvez a predestinação seja real,
Nas noites frias em que sentado sob a areia,
Enquanto o vento move suavemente nossos cabelos longos,
Esses cabelos longos, esses estereótipos que de nada mais servem
A não ser nos rotular, e esses rotulos que nos amaldiçoam,
Malditos sejam por não seguir aquilo que nos disseram,
Porém talvez seja esse desencanto da vida cotidiana,
Essa perdição constante que nos leve a aprender,
Arrisco até a dizer compreender o que nós realmente somos,
Nada mais do aquilo que sempre fomos,
Um vírus num paciente em estado terminal, esse paciente
Se recusa a se entregar mesmo sabendo que a morte cega
Está na beira do seu leito a lhe apontar,
A única virtude derradeira é a paciência,
O angustiante prazer de esperar, almejar, a hora da partida,
Desse lugar que jamais entederemos. Não há nada para entender.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Noites frias

Essas cortinas que a tarde nos traz se esparramando por sob o luar,
Transfigura nosso ego trazendo apenas o acaso a nos guiar,
Esses caminhos vazios temperados pelos desejos que o proibido nos traz,
Desejos sagazes que nos levam a pensar naquilo que nos faz desatinar,
O acalanto que os ares da primavera nos incitam a deixar,
Em meio a escombros o que um dia foi o elo a nos guiar,
Unindo duas mentes que o capricho do destino fez se encontrar,
Mentes munidas pelo dom de influenciar até o mais alienado pensar,
Melodias fluem da tênue linha que se recusa a ceder,
Do parco córrego de água fino filete esse que se recusa a secar,
Pelos estigmas cravados de tempos em tempos nesses que insistem,
Quem sabe por culpa acaso esses seres que vivem a penar,
Por essas estradas longas ao som de gargalhadas arrogantes,
Maus dizeres constantes que nos levam aos paraísos que contem,
Quem sabe por bem aquilo que esses seres vivem a pensar,
E a cada badalar do relógio eles sentem o tempo esvair-se,
E quanto mais rápido se dissipa torna mais difícil elevar aquilo que um dia a vida
Insistiu por insanidade talvez por capricho brotar, esses seres que fazem pensar,
Fazem-nos voltar, refazer, e nesse solitário andar até mudar o destino,
Que o tempo insiste a nos fazer desatinar em lagrimas
E nosso elo romper com o intuito de assim então a mudança frear.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Ser

Fina penumbra oculta o que a sociedade não fita,
Pois se fita o rubro entardecer por trás dos olhos,
nada vê a não ser aquilo que pensa ser,
nada mais sendo que alvo daquilo que poderia ser,
não podendo nem mesmo ser o que pretendia ser.

Olhos que não fitam presos a mentes que não pensam,
E sendo pensadas como por assim dizer, pensam pensar.
Ambição essa teria de prevalecer, mas aquele que nada vê,
Parece entender, por trás da penumbra, o que todos pensam ver,
As cores vivas lhe trazem caminhos alternados,
por entre escadas que a nada levam, que ao inferno guiam,
ou quem sabe elevam lhe ao apogeu do pensamento.

Enforcados na linha tênue da onisciência embriagam-se,
Perdidos em sonhos solitários, Tentam em vão enxergar,
No entanto chegar a levitar por entre estradas e rios,
Campos vazios, cheios de sentimento que tudo ali alimentam,
O fim mais esperado por aqueles que nada esperam,
Pois compreenderam tudo como o veneno da víbora,
E necrosam o sistema que fraco desatina em golpes baixos,
Furando lhes as vistas, com o punhal que introduzido em sua alma
Faz seu sangrar o levar mais perto do dia que fenecer seu afazer será.

Saudosos Hippies

Vagarosa é a lua que por entre a penumbra expõe a realidade da noite fria
Que como em passe um de mágica nos purifica e nos torna escravos do instinto,
A mente anseia pela insanidade animal que nos trouxe onde estamos,
A fome da carne que nos fortaleceu entre os outros tantos de nosso gênero,
O luar acorda o lobo que perdido na noite começa a uivar esperando e observando,
Cigarros nas calçadas, gente de todos os tipos vagando e meu caminho vai em direção a eles,
Confabulamos, e nos perdemos em devaneios de uma época que não vivemos
Movidos pelo saudosismo dos tempos de nosso pais, em que a música mexia com as pessoas,
A música levava-os a algo a beira do paraíso em um culto a um estilo de vida hoje extinto.